Rodrigo koxa e Burle pegam juntos onda Gigante em NAZARÉ. 21/10/2017- Parte 5

Por Rodrigo Koxa:

Carlos Burle e Rodrigo Koxa dividindo uma bomba em NAZARÉ, puxados por Chumbo e Alemao. Foto: Polvo


Estou na minha quinta temporada de Nazare, e acabei chegando em Portugal no dia 20 de outubro de 2017, especificamente um dia antes do BIG swell previsto para o dia 21.

Rodrigo koxa na quinta temporada de NAZARÉ. 20/10/2017


Cheguei naquela certeza que no dia seguinte o Canhão da Nazare estaria gigante mais uma vez.

​Pousada Dom Fuas… Sítio da NAZARÉ … 

Planejei toda a minha sessão para ser feita com Alemão de Maresias e o californiano David Langer. 


​Saber que eu estava com uma equipe que já estamos treinados juntos, com prancha totalmente específica para tais condições e que aquele seria um dia especial de ondas gigantes, fez com que eu acreditasse ainda mais que poderíamos pegar uma das melhores do dia. 


Dia 21, dia da bomba, acordei às 4:30 da manhã e comecei alongar e imaginar o que veria pelo dia. 

No entendo ainda antes de amanhecer já estávamos observando o mar de cima do farol, eu estava com meu amigo Dudu tentando ver as ondas que estavam atrasadas. 

Mesmo vendo que o Swell Ainda não estava presente com força total, já fomos para o Harbor agilizar o jet ski e ir para o mar. 

No começo a galera estava remando e o mar estava subindo. Fiquei total na displina aguardando o momento das primeiras séries oferecendo suporte para o Stephan Figueiredo, Gordo, Caio Vaz, Pedro Calado, Lapo Coutinho.. Marcos Monteiro e Carlos Burle faziam a contenção de Lucas Chumbo. 

Nisso apareceu um ídolo meu, o Kalani Latanzi que entrou no mar pela praia apenas com um pé de pato, e ficou nadando mergulhando no meio das ondas e ainda eu o vi pegar 2 bombas de peito que me levaram ao delírio. 

Kalani Latanzi indo para mais um drop de peito durante um dia gigante.


O mar foi subindo rapido, e depois de 2 séries de bombas pedi ao Alemao me puxar em alguma daquelas para aquecer o motor e colocar novamente minha prancha mágica no pé. 

Apareceu uma série grande e fomos atras. Alemão logo me colocou numa onda irada que no final acabei vendo a galera toda fugindo para não tomar na cabeça. 

Rodrigo koxa na primeira onda que surfou dia 21/10/2017 sendo puxado por Alemão de Maresias. Foto:SurfEmotion


As ondas foram aumentando conforme o tempo passava, e a expectativa de pegar uma verdadeira bomba me consumia. 

Durante um resgate que fiz no Pedro Calado, perdi minha prancha que acabou indo parar na praia. 

Pedro Calado numa bomba. 21/10/2017


Nessa hora pedi pelo rádio, se alguém da equipe poderia levar a prancha de volta para o Harbor por terra. 

Perdi uma hora em meia nesse processo, mas enfim recebi no rádio que a prancha já estava chegando no Harbor e acelerei para ir buscá-la. 

Estava torturante ver a galera pegando altas ondas e eu sem minha prancha. 

Ao voltar para o pico com o jet, alemão estava surfando com Felipe Cesarano e o mar estava animal. 

Felipe Cesarano puxado por Alemao de Maresias. 21/10:2017


Vi umas 2 bombas do Alemão que me deixaram super instigado. 

Alemão de Maresias numa bomba 21/10/2017 puxado por Felipe Cesarano.


Naquele momento o mar estava grande, e eu estava bem concentrado para fazer o meu melhor. 

Conversando com o Alemao naquele momento, observamos que as ondas que estavam vindo muito em triângulo não estavam quebrando muito e eram mais curtas, e então passamos a esperar aquela série que viesse um paredão que passasse a sensação que fosse fechar a onda, pois essa seria a boa. 

As ondas de Nazaré se juntam fazendo triângulos e por isso mesmo aquela que paresse ser uma fechadeira, muitas vezes ela passa a ser uma onda animal, mais pesada, ou mais longa…

Dessa forma que Alemão esperou com todo carinho a tal onda e viemos na que ele entendeu ser a melhor. 

Estávamos vindo para ir na esquerda, enquanto Lucas Chumbo e Carlos Burle se posicionaram como se fossem na direita da mesma onda. 

Eu passei a focar na minha onda, o Alemão entrou de baixo dela, me posicionou e saiu acelerando o jet. Usei parte dessa acelerada para me impulsionar com mais velocidade,  larguei a corda e começou a descida por uma muralha de água animal.


 A onda foi muito legal, acredito que a mais longa que eu já surfei em Nazaré. Foi daqueles momentos que a conversa com o parceiro e a escolha da onda foi fundamental.  ​​

Obrigado Alemão de Maresias pelo comprometimento e perícia. 

Depois de já ter surfado boa parte da onda, escuto Carlos Burle gritando… “Go Koxa” e passei a pensar… que animal estamos na mesma esquerda juntos e logo gritei de volta “Go Burle” e foi assim por mais 2 vezes, ele gritando Go Koxa, e eu dizendo Go Burle, passei a relaxar na onda e sentir um enorme prazer no que estava acontecendo e a onda continuava e eu pensando várias coisas na onda… tipo YEAHHHHH HAHAHAH um momento de real Felicidade esperado e aguardado. 

Rodrigo Koxa e Carlos Burle na BOMBA 21/10/2017 Foto:PraiaDoNorte

Rodrigo koxa puxado por Alemao de Maresias 21/10/2017. Foto: Stepa


Logo que saímos da onda eles já estavam lá, Lucas Chumba resgatando Burle antes de vir a de trás e na sequência Alemão de Maresias que deu uma esticada a mais no jet para me pegar mais abaixo. 

Voltei para o fundo agradecendo a todos e muito feliz…. vlw ALEMÃO!!!


Nesse universo de ondas gigantes o respeito pelo mar é quem nos garante a vida. Por isso da necessidade de termos uma equipe preparada. 

Parabéns para todos presentes, Ross Clark Jones, Rafael Tapia, Axi Munian, Francisco Porcela, Pato, Justine, Maya, Tobby, Glen, Sebastian, Tom Buttler, Andre Botelho, Hugo Vau…

​Obrigado Alemão e David Langer pela parceria. 

Rodrigo Koxa e Alemao de Maresias


Logo que saímos do mar, já estava postada nossa foto no WSL. 

LINK: Wsl KOXA💣and BURLE


O cinegrafista Pedro Miranda foi além, já logo enviou a onda para o gigantesco portal da revista americana TIME, onde foi alcançado mais 1 milhão e 400 mil visualizações por suas redes sociais. 

Link: TIME – Rodrigo Koxa e Carlos Burle


na sequência saiu no Jornal Daily Mail, 
Link: http://www.dailymail.co.uk/news/article-5016845/Amazing-moment-surfers-ride-giant-wave-time.html


 e depois foi postado também pelo 

National Geografic Adventures.. 

Link: https://www.facebook.com/NatGeoAdventure/videos/10155876862884826/


A onda gigante surfada por 2 surfistas estava viralizando na web, e passamos também a aparecer nos noticiários das Tvs e jornais Portugueses. 


Haaaaaa Quem diria que nossa onda fechando pudesse abrir tantas portas… rs

Rodrigo koxa visitando sua placa com sua prancha dentro do museu no Farol da Nazaré. 2017


Gratidão e respeito imenso por esse lugar que vou ficar até o dia 14 de dezembro esperando nossas previsões, pois esse foi apenas o primeiro BIG swell da temporada.

Alegria da galera após surf… koxa, Lewis e Dudu

Agradecimentos KoxaBOMB💣 – TENT BEACH – TRAVEL ACE – BULLYS – SPO – AKIWAS – SILVER SURF- DELÍRIO NATURAL – TOMIHAMA SUSHI – FLEX ACADEMIA GUARUJA – NAZARÉ WATER FUN –

 #KoxaBOMB💣 #GoBIGGER

Rodrigo koxa conta sua história com as ondas Gigantes de NAZARÉ – PARTE 1

Por Rodrigo koxa:

PARTE 1 -NAZARÉ 2013

Já faz algum tempo que eu estava pensando em reativar o meu blog, e agora resolvi atualizá-lo contando sobre as minhas três temporadas nas ondas gigantes de Nazaré, que juntas se tornaram um TSUNAMI na minha vida…

Para isso, dividirei esta história em 3 partes, e cada uma delas fará referência as vivências de cada temporada.

Desde a minha primeira investida em Portugal, que foi no swell histórico de 2013, passei a rever e reconsiderar muitas coisas no BIG SURF…

Estar presente naquele dia monstruoso foi realmente muito intenso. Digo isso devido a maneira em que eu me encontrava naquele local, com uma estrutura que não era compatível as necessidades do pico. 

Começou por eu estar com um jet ski antigo, de motor 2 tempos, que afogava o tempo todo e deixava a impressão que a qualquer momento o motor poderia morrer. Este jet ski me foi emprestado pela dupla portuguesa Antonio Silva e Ramon, na melhor das intenções, e por isso eu decidi aceitar a oportunidade e viajar sozinho, sem meu parceiro Vitor, que ficou doente e não pode embarcar.

Rodrigo Koxa com o jet 2 tempos no big Nazare e Andrew Cotton ja se preparando

Creio que as coisas não acontecem por acaso. Antes desta experiência eu realmente acreditava que se eu e o Vitor viajássemos juntos para Nazaré, ou em qualquer outro lugar do mundo, mesmo sem nunca ter treinado lá anteriormente, e um jet ski nos fosse designado, a gente surfaria a onda que aparecesse e pronto.

Eu simplesmente não entendia toda à complexidade que envolvia surfar ondas gigantes naquele local em específico, denominado Nazaré.

Mapa da previsão do núcleo do swell de outubro de 2013

 O que aconteceu, na real, é que vi o swell na internet e acabei embarcando para Portugal na mais pura emoção, sem nenhum parceiro e sem nenhuma equipe.

Logo que cheguei comecei a observar que o Garrett Mcnamara tinha uma equipe completa, que contava com um segundo jet de apoio, para auxiliá-los no resgate e ainda pessoas no cliff que os orientavam através de rádios. 

Visto isso, considerei que, como eu estava sozinho, eu poderia tentar agregar de alguma forma na segurança de uma outra dupla e assim, formar um time para aquela ocasião. Neste momento, pedi para a dupla dos meus amigos brasileiros, Eric Rebiere e Sylvio Mancusi, se poderíamos compor uma equipe, na qual eu poderia ser esse jet de apoio para eles, e no final da sessão da dupla, eu pegaria alguma onda também… Feito!!!! 

Para minha sorte, alívio e felicidade, eles aceitaram!

Logo no início da session, enquanto o Sylvio puxava o Eric, lembro-me que eu estava acompanhando-os pelo rabo esquerdo da onda, que era gigantesca, quando o Eric me surpreendeu dropando para a direita, cruzando a onda toda. Neste instante eu senti toda a intensidade do meu coração batendo a mil, com um único pensamento na minha cabeça, que se repetia como um mantra nas palavras “MEU DEUS”!!!!

Lembro que a onda anterior foi a onda que aconteceu o acidente da Maya. Eu não pude ver, porque estava extremamente concentrando na minha equipe e na preparação do Eric na onda de trás. Me lembro apenas, de relance, que a Maya estava pegando a bomba anterior a do Eric, mas não observei nem a sua queda e nem o que aconteceu depois.

Em condições como estas eu sabia que precisa evitar ao máximo descer para o inside, pois lá fica um reboliço só.  Então, quando o Sylvio resgatou o Eric eu relaxei, e só então reparei que a equipe da Maya tinha desaparecido. Não demorou muito para notícia sobre o afogamento grave da Maya Gabeira chegar via rádio e se espalhar no out side.

Imediatamente a galera parou o surf!!!! 

Todos nós no out side passamos a rezar e orar pela vida da Maya, até recebermos a segunda notícia, que foi extremamente comemorada, ela estava melhorando e não corria mais risco de vida.

Nesse instante o vento aumentou, complicando a situação anterior, que era de mar liso. Mesmo assim, eu queria muito tentar pegar uma daquelas montanhas e pedi ao Eric o favor de me puxar antes deles encerrarem o dia…

“Simbora Koxa” foi a resposta do Eric, para minha imensa felicidade. Uhuaaa, chegara minha vez de ir para corda. Pedi proteção para Deus e pulei na água. Tentava a todo custo não pensar nas verdadeiras montanhas de água  que se formavam em frente a aquele desfiladeiro de pedras e que roubavam muito da minha atenção por horas e horas enquanto eu pilotava o jet de apoio. 

Eu sabia que estava para surfar as maiores ondas da minha vida.

Aquelas pedras meu Deus.. São muitos os fatores complicadores em Nazaré que fazem daquele local único no mundo. No entanto, na minha opinião,  vejo como agravador máximo que dificulta o surf naquelas ondas, o fato das maiores do dia quebrarem no local que denominamos como “primeiro pico”, que é uma faixa onde só quebram as ondas acima de 60 pés, e para se pegar essas montanhinhas, temos que soltar a corda exatamente em frente a esse desconcertante desfiladeiro de pedras do canhão de Nazaré. 

Só amando muito mesmo, rs

Logo que eu comecei a esquiar na corda, em meio a bumps enormes por todos os lados, comecei também a questionar aquela situação desconfortável da prancha que batia muito, mesmo sem ainda ter pegado a onda. 

Parecia um verdadeiro touro mecânico! Isso me intrigou a imaginar como a minha prancha reagiria na hora de soltar a corda e descer a onda, que é quando a velocidade triplica pela energia da onda.

A maior dificuldade neste tipo de surf é administrar a velocidade em meio a tantos bumps, que são degraus que se formam em pequenas ondinhas dentro da onda surfada.

Estava muito difícil, mas devido a minha confiança no Eric e ao meu amor pelas ondas gigantes, entramos na frente de uma muralha de água e mesmo naquela pingaria descontrolada eu soltei a corda.

O mais interessante foi perceber que conforme avançávamos e a massa da água ia entrando na bancada, a onda alisava e nos mostrava a sua verdadeira face.

De qualquer forma, o fato de eu estar pingando numa velocidade descomunal jamais sentida anteriormente, desencadeou uma descarga de adrenalina tão grande em meu sistema nervoso, que fisicamente, minha única sensação era de que meu estômago estava sendo retorcido. Contudo, depois desta primeira experiência, eu estava completamente alucinado.

No surf de ondas como estas, a melhor estratégia é não cair. Sair por cima antes delas fecharem no inside é sempre a melhor opção. Segui este protocolo à risca e o Eric me resgatava cirurgicamente sem erro. 

Graças ao Eric com sua pilotagem impecável, eu pude sair do mar completamente agradecido e extasiado por ter vivido este dia e ter surfado 3 ondas…

Quando acabou o dia, num momento de lucidez, olhando para o céu, eu agradeci a Deus por tudo ter acabado bem. Percebi que deveria haver um bom propósito por eu não estar com nenhum parceiro naquele dia, principalmente devido aquele jet ski não ser o indicado como o equipamento adequado em dias como estes, e caso o Vitor estivesse lá, não sei como isso teria acontecido…

De qualquer forma, eu agradeço muito a esse jet ski que foi útil como um jet de apoio, me proporcionou participar da equipe e presenciar este dia histórico. 

Foi ele que me despertou o interesse em montar uma estrutura em PORTUGAL 

Hoje entendo perfeitamente que a visão do Garrett Mcnamara era de muito respeito à Nazaré e que todos os seus planos de segurança são de imensa valia para que a galera do big surf possa desempenhar seu trabalhos na maior segurança possível.

Garrett Mcnamara e Rodrigo Koxa – Nazaré 2013

Tiro o chapéu para esse cara visionário que descobriu o potencial de NAZARÉ para surfar as maiores ondas do mundo. 

Só pude entender mesmo do que se tratava quando conferi de perto… 

Todo meu RESPEITO!!!!

Outro acontecimento especial nesta viagem foi conhecer o Português Serginho. 

Ele foi designado pela dupla Ramon e Antônio a me buscar no aeroporto e logo no momento em que nos cumprimentamos, já nos tornamos verdadeiros e grandes amigos.

Sergio Cosme e Rodrigo Koxa em Nazaré

Este Português me contagiava com sua vontade de ajudar e fazer parte da equipe.

 Ele está sempre pronto e solicito para o que for preciso. Com seus ouvidos atentos, absorvendo tudo, dizia: “vou aprender para ir com vcs”!!!

E aprendeu mesmo!!! Hoje é ele quem gerencia a nossa equipe!!

NOIXXX SERGINHO SANGUE BOM!!!

Obrigado PORTUGAL! Obrigado Nazaré!

PARTE 2 – NAZARÉ 2014 

PARTE 2 –  NAZARÉ  2014… 1 ano depois!!!

Passado 1 ano o swell histórico de 2013, outra bomba se formou ao norte do Oceano Atlântico, com destino à Nazaré no dia 29 de novembro de 2014…

No Brasil, monitorando a previsão do swell pela internet, entrei em contato com meu amigo Havaiano kealii Mamala, que já estava pegando altas ondas lá em Nazaré e perguntei  a ele se haveria a possibilidade de eu ir surfar com sua equipe neste swell que se aproximava. 

Ele disse que o Garrett não estaria nesse swell, devido a uma viagem para China, e me confirmou que sim, que eu poderia me juntar a eles.

YEAHH PARTIU PORTUGAL minha segunda TEMPORADA!!!!

Na manhã do dia 28 de novembro, mais uma vez, o Serginho foi me pegar no aeroporto de Lisboa. 

Dei sorte de ter conseguido dormir um pouco no vôo da madrugada, pois partimos direto para Nazaré. Com o swell chegando, existia a possibilidade de surfar na remada ondas de 20 pés ainda naquele final de tarde.

Meu corpo estava tão cansado que enquanto estávamos na estrada cheguei a torcer para o mar ainda estar pequeno e eu poder descansar e me concentrar para o dia seguinte que prometia ser de BOMBAS!!!!

Mas enfim, chegando em Nazaré, ligamos para o Kealii, e ele nos atendeu completamente eufórico, dizendo: “Yeahhh Its BIG already… 20plus… PADDLE DAY… Go to the Harbor now.. WE GOING”

Com a pilha do Kealii, eu me esqueci completamente do meu cansaço e do jet leg do vôo, e não parava de imaginar como seria remar pela primeira vez naquele lugar…

Como minha prancha 10’6 estava que estava no teto do carro iria se comportar..

Eu e o Serginho fomos para o outside com o Kealii, Andrew Cotton, Hugo Vau e os irmãos Will e Cliff Sckudin.

Fiquei amarradão em ver o Serginho participando da equipe, pilotando um dos Jets enquanto todos os demais revezamos os outros Jets e as gunzeiras para remar.

Entretanto, estava muito difícil um posicionamento eficiente para surfar aquelas séries na remada, devido as bombas que vinham cada hora em um lugar diferente. Eu mesmo já havia quase tomado 2 séries enormes na cabeça e precisei mergulhar e ser resgatado em uma delas… Depois disso cheguei a me questionar se aquela session seria produtiva.

Neste momento entrou uma série bem perto de mim. 

Sabendo que viriam outras atrás, deixei a primeira onda da série passar . Quando olhei a onda seguinte, me senti no lugar certo e remei com toda força para dropar a minha primeira onda surfada na remada em Nazaré.

Rodrigo Koxa na remada em Nazare 28/11/2014 Foto: JorgeLeal

Me senti completamente realizado com aquele drop e depois de ter pegado a minha onda troquei de lugar com o Andrew Cotton no jet ski, e passei a fazer a segurança da equipe até escurecer.

Como já conhecia melhor o local, estava super empolgado com a direção boa e segura do swell. Em ondulações de oeste, a energia das ondas formam correntezas para direita, que nos joga em direção ao meio da Praia do Norte, nos afastando das pedras e do perigo de surfar em Nazaré…

Quando amanheceu o esperado dia 29 de novembro de 2014, o visual estava incrível! O mar estava gigante, muito liso e o sol saindo sobre a neblina. O Kealii me colocou na função de fazer o segundo resgate e minha missão era estar sempre acompanhando ele em tudo.  Com isso pude refinar minha pilotagem com um jetski de ponta.

Após puxar todos os seus amigos, enquanto as bombas comiam soltas, Kealii me chamou: “Koxa, You READY????”

Minha resposta foi: “YEAHH I’m so F… READY!!!”

O mar estava clássico, bem mais liso do que eu imaginava, e o Kealii pilota muito! Ele é aquele cara que deixa todos ao seu lado numa energia elevadíssima. O maluco é muita vibe!!! Minha primeira onda foi surfada numa harmonia sem igual… Eu estava me integrando com Nazaré.

De repente, eu já havia surfado 5 ondas e estava amarrarão sentido a prancha cada vez mais no meu pé, até que…

Rodrigo Koxa em Nazare 29/11/2014 Foto Jose Pinto

Na sexta onda, eu decide puxar mais o meu limite e fiz questão de ficar atrasado e surfar no buraco da onda. Só que ela balançou e não teve jeito, depois de conseguir segurar a primeira pancada da espuma, a segunda me derrubou!!!!

BUMM!!! Foram mais 3 minutos tomando mais de 10 ondas na cabeça até ser arrastado para praia.

Assista o VIDEO pelo LINK:       https://youtu.be/oey47xra5-s

clipagem na FOX contando do perrengue de 2014


Mesmo sendo atropelado pelo swell de OESTE, eu estava tão confiante que aproveitei intensamente aquele momento e ALUCINADO eu AGRADECIA meu parceiro super treinado Kealii Mamala o tempo todo…

MUITA GRATIDÃO e RESPEITO por tudo que vivenciei!!!

David Langer, Rodrigo koxa, Kealii Mamala e Sergio Cosme na noite do swell 29/11/2014.

Embora pelo vídeo, o caldo pareça pesado, na real, eu estava bem tranquilo e amarradão por tudo aquilo… Era o que eu realmente queria e buscava!!!!

“EU SÓ NÃO IMAGINAVA QUE O PESADELO AINDA ESTAVA POR VIR”

Tivemos 1 dia para comemorar a missão cumprida, quando apareceu na internet a previsão de um NOVO SWELL, agora com um núcleo tão GRANDE que parecia até ser de mentira…

Mapa com a previsão do núcleo do swell no dia 10 de dezembro de 2014. Um dia antes do swell encostar em Nazaré, dia 11 de dezembro.

A BOMBA ESTAVA VINDO e tinha dia para chegar, seria em 11 de dezembro de 2014.

Eu estava em Portugal com minha passagem de volta marcada para o dia 05 de dezembro, mas passei a estudar todas as possibilidades… Como não se tratava de qualquer swell e a previsão estava gigantesca, minha cabeça virou um turbilhão…

Minha situação não estava muito favorável porque quando falei com o Kealii, perguntando a ele sobre os planos para esse próximo swell, ele me contou que voltaria para o Hawaii de qualquer jeito, e desta forma, eu não poderia mais contar com a equipe e estrutura que tive anteriormente.

Minha única estratégia era adquirir um jet ski, então comecei a pesquisar preços de vários modelos pensando em, de alguma forma, estar presente  no que estava por vir…

Nisso, o chileno Rafael Tapia, um dos meus parceiro de ondas grandes, me ligou dizendo que estava maluco para surfar aquele swell. Como ele estava com um dinheiro meu e do Vitor Faria guardado para comprar um jet novo no Chile, nossa idéia foi ele vir para Portugal, ser meu parceiro e trazer esta quantia que estava parada no Chile para adquirirmos um jet em Nazaré.

Rafael topou e chegou em Portugal com o dinheiro apenas dia 10 de dezembro, ou seja, 1 dia antes do swell, e foi nesta data que conseguimos comprar e levar o jet para casa.

O Jet Ski Yamaha é o nosso preferido, mas com a quantia que tínhamos, acrescida da parte do Serginho, que se tornou nosso sócio, partimos para um SeaDoo motor 215 animal.

YEAHHHH!!!! AGORA EU, o VITOR e o SERGINHO éramos dono de um SEADOO irado!!!!

Nosso jet ski chegando na noite anterior ao swell.  

O Plano para o dia gigantesco era eu e o Rafael Tapia formarmos uma equipe com a dupla de Portugueses Antonio Silva e Ramon. Assim, tanto eu seria o jet de apoio dos portugueses, como o Ramon seria o nosso segundo jet durante a session.

Embora estivesse tudo esquematizado e eu me sentisse super feliz, eu também me preocupava com o fato do Rafael nunca ter surfado e pilotado antes em Nazaré.  Vários flash backs das dificuldades que eu presenciei em 2013 tomaram conta dos meus pensamentos, e então, tudo o que eu me lembrava, eu passava para meu novo parceiro na madrugada que antecedeu o grande dia.

Como gosto de entender como funciona o swell, suas direções e as demais complexidades, eu sabia que o dia 11 de dezembro de 2014 seria MAIS ASSUSTADOR, MAIS TRAUMATIZANTE, MAIS MÁGICO, TURBULENTO e DIVINO POSSÍVEL…

Ao contrário do swell anterior, que era de oeste, neste, a direção era de NORTE. Isso significava que tanto a correnteza, como a energias das ondas, se colidiriam com às pedras.

Ao amanhecer, já estávamos de sentinela ao lado do farol, esperando para surfar no pico do swell, previsto para as duas da tarde. De cima do desfiladeiro, as condições já eram assustadoras. Lembro do Garrett orientado a todos sobre os riscos de surfar as ondas para a esquerda, pois naquele dia, qualquer eventual erro, o destino seria as pedras.

O  cenário estava montado como num filme de guerra com BOMBAS para todos os lados. Era como se no inside os inimigos tivessem colocado armadilhas e no outside havia explosão de dinamites… SEM COMENTÁRIOS!

Observando estas cenas, resolvemos ir logo para o Harbor organizar as equipes… Eu e o Rafael nos juntamos com a dupla portuga Antonio e Ramon e combinamos que eles começariam surfando, enquanto eu faria o jet de apoio com o segundo resgate.

Como no segundo jet de resgate, o piloto deve estar sempre só, o Rafael foi para um terceiro jet com o Serginho.  Este jet nos foi emprestado por nosso amigo Dark, para ficar de apoio no outside.  Nele estava toda nossa base, como pranchas, por exemplo, e de lá, o Serginho nos assessorava.

Nossa equipe estava formada com uma estrutura irada composta de 3 jet skis equipados com radios para nossa comunicação. Estávamos ainda conectados com um amigo em terra que carregava um quarto rádio, posicionado estrategicamente no alto do farol para nos fornecer mais uma opinião… Ele nos passava o que observava por cima das pedras, nos alertando toda vez que grandes series vinham em direção do Canhão de Nazaré.

Quando chegamos no outside o bicho estava pegando… Mais uma vez, as ondas enorme me pararam a respiração. Não tem como não respeitar aquilo…

Esperamos por mais de uma hora, quando veio uma série gigantesca e minha equipe entrou em ação com o Ramon puxando o Antonio Silva na primeira BOMBA da série. O combinado era de que o Antonio Silva surfaria a onda para a direita. Desta forma eu me posicionei mais baixo, acompanhando todos seus movimentos.

Tudo parecia perfeito… O Antonio soltou a corda e veio descendo aquele paredão monstruoso na reta do desfiladeiro, enquanto eu vinha vibrando numa visão privilegiada mais ao rabo de sua onda.

De repente, no meio do drop, o Antonio virou para a esquerda. Na hora eu me questionei sobre o que ele estava fazendo…  Foi então que ele trocou de borda novamente e se redirecionou para a direita.

Antonio Silva na BOMBA

Percebi que sua intenção foi ficar bem no buraco da onda, mas naquela posição a onda iria engolir ele…e BUMMMMM!!!!!!

Meu estado de alerta foi a mil quando vi a massa d’água atropelando o Antonio.  Haviam várias ondas enormes vindo atrás… Na hora pensei em entrar logo para tentar fazer seu resgate antes da onda seguinte, mas vi que o Ramon já havia tomado esta iniciativa.  Do canal eu fiquei torcendo para o Antonio emergir para a superfície e o Ramon resgatá-lo… Só que ele não aparecia. Então eu entrei atrás da segunda onda para tentar evitar que o Antonio levasse a terceira na cabeça, mas ele não apareceu para mim também. Como as pedras estavam chegando, tive que abortar.

O modo como as espumas explodiam contra as pedras, provocando back washs enorme, era aterrorizante. E as ondas não paravam…

Comecei a rezar e pedir para que Deus ajudasse nosso amigo a aguentar firme aquele momento, e que nos mostrasse um caminho…

Vendo a gravidade da situação, outras duplas vieram nos ajudar a procurará-lo perto das pedras. Contudo, a área perto das pedras, onde o Antonio poderia estar depois de tomar tantas ondas na cabeça, era impenetrável, devido a quantidade de ondas que explodiam no costão. Minha pergunta era como chegar naquele local de forma efetiva para resgatá-lo…

Então a minha idéia foi sair daquele local, ao lado do farol, e acelerar sozinho para o outside. De lá eu vi quando o Andrew Cotton pegou uma direita gigantesca, que era a última da série. Na hora eu pensei em seguir esta última onda da série até as pedras, com um olho na frente e outro ao fundo. Graças a Deus, depois desta onda, se estabeleceu um intervalo entre as séries, o que me possibilitou chegar muito próximo do desfiladeiro onde Antonio poderia estar. Eu estava implorando para Deus me mostrar onde estava meu amigo.

Eu procurava atentamente quando vi um ponto se movendo. Pensei na hora: “só pode ser ele…”. Olhei para trás para ter certeza que não havia nenhuma onda surpresa e acelerei em sua direção como se fosse a minha vida que estivesse ali. Pedia muito para Deus que eu não o perdesse mais. Quando cheguei, ele estava sem energia nenhuma, com o rosto cortado pelas pedras, o joelho quebrado e sem um de seus colete que acabou rasgando e se perdendo a meio de tantos caldos. Por uma benção de Deus eu consegui ajudá-lo a subir no sled e pude tirá-lo dali antes que outra onda viesse…

Ele estava em shock total, dizendo: “Me tira daqui… Me tira daqui…”

Ao sairmos da zona crítica, comemorei o fato do Antonio estar vivo e ter pegado a bomba da vida dele. Enquanto eu o passava para o jet do Ramon, disse que era meu ídolo por ter surfado aquela onda, tomado todas aquelas bombas na cabeça e aguentado firme.

Embora a situação fosse traumatizante, eu me sentia muito bem. Me senti um instrumento de Deus, e aquilo me deu forças para seguir em frente. Naquele momento dei carta branca para o Ramon levar o Antonio para o hospital e acabei FICANDO SEM O SEGUNDO JET DE APOIO. Este detalhe foi crucial…

Cheguei no jet do Serginho e pedi para o Rafael me puxar numa daquelas. Como ele se prontificou de imediato, pegamos e minha prancha, fui para corda e começamos a esquiar em algumas direitas…  Contudo, mesmo sabendo do perigo, o que eu queria mesmo era pegar alguma das esquerdas que corriam para a Praia do Norte.


Segui o meu instinto e minha primeira onda foi uma bomba surfada junto ao Benjamin Sanches. Quando sai por cima fiquei amarradão em ver o Rafael me resgatando rapidamente, como segue o protocolo, me fazendo sentir mais seguro para esperar uma série animal.

Rodrigo Koxa e Benjamin Sanches dividindo uma bomba dia 11 /12/2014

O que eu não sabia era que EU ESTAVA PRESTES A PASSAR A SITUAÇÃO MAIS PUNK DA MINHA VIDA…

Devido aos caldos que tomei no swell anterior e por tudo que presenciei durante o acidente do Antonio, a minha estratégia era não puxar muito o meu limite, surfando com segurança para o Rafael se ambientar em Nazaré e nós nos entrosarmos como dupla. Eu falei muitas vezes para ele que o MAIS IMPORTANTE é estarmos sempre juntos, ou seja, com o jet sempre seguindo a onda do surfista, para quando este saísse da onda, o resgate fosse efetivo antes da onda detrás chegar…  MAS INFELIZMENTE NÃO ADIANTOU MUITO!!!!

Como achei que estava tudo certo, quando vimos uma série GIGANTE, soltei da corda na primeira da série, que era uma esquerda enorme, e surfei minha onda na maior prudência possível. Sabendo que haviam outras atrás, eu realmente não queria cair e nem ser varrido por ela …



Então, após percorrer boa parte da bomba, sai por cima para facilitar meu resgate e fiquei ATERRORIZADO AO EXTREMO porque me deparei com OUTRA BOMBA GIGANTESCA vindo em minha direção e CADE o RAFAEL???? Foi o MAIOR SUSTO DA MINHA VIDA!!!!

Rodrigo Koxa saindo por cima de sua onda e assistindo a bomba gigantesca surfada por Benjamin Sanches que depois iria lhe atropelar

Percebi que não haveria resgate, pois meu parceiro, observando o tamanho da onda de trás da minha, ficou com medo e abortou a missão…

ERA O PESADELO… Pedi: “MEU DEUS, por favor me ajude…”. Eu racionalmente sabia que tinha cerca de 15 à 20 segundos para acalmar um pouco minha respiração e aquietar minha mente, numa estratégia de instinto de sobrevivência, mas na prática eu só sentia meu estômago tremendo e se comprimindo num estado nítido de muito medo!!!

Foi uma cena inesquecível, e traumatizante, de filme de terror… De tão grande que era, eu via a onda explodindo em câmera lenta e assisti o francês Benjamin Sanches pingando de maneira surreal passando pelos bumps…

Inevitavelmente ela me pegou como um URSO DO MAR. Me senti uma meia numa máquina de lavar roupa sendo jogado para todos os lados… Devido ao meu colete quase ser arrancado, me agarrei nele com tanta força, que gastei ainda mais energia… Tudo que eu queria era subir para a superfície e SAIR DALI… Não parei de rezar por nenhum momento!!!

Graças a Deus, mesmo vendo estrelinhas, consegui subi na superfície com aquele tempo contado de uma rápida respiração e…. BUMMMM DE NOVO!!

Minha reza estava em alta voltagem enquanto eu tomava as maiores ondas da minha vida na cabeça…

Minha preocupação se tornou muito mais crítica, a medida que eu vinha me aproximando do desfiladeiro.

E meu questionamento era do que adiantaria eu conseguir aguentar tantos caldos, se eu estava caminho a ser destruído naquelas pedras tenebrosas?

Foi então que tive um momento mágico de alívio, quando avistei meu parceiro vindo do fundo, em minha direção para me resgatar. Só que a velocidade que ele estava era tão alta, que não conseguiu parar o jet e acabou passando por mim gritando… “Desculpa amigo”.  Na hora eu pensei “NÃO RAFAEL”!!!

Tentando fazer a voltar para me pegar, o Rafael perdeu a direção do jet ski e foi atropelado por uma onda ficando, assim como eu, a deriva no mar. Observando isso eu preocupei ainda mais, pois agora minha equipe não tinha mais resgates!!!! OMG…

Embora tudo errado, continuei com meu mantra pedindo para Deus que me tirasse dali… Minha vida passou como filme em minha cabeça e comecei a me arrepender de estar ali… Só consegui lembrar da minha mulher, dos meus pais e pedir uma LUZ…

Quando deu uma calmaria e eu estava na frente do desfiladeiro, podia ouvir a galera gritar de cima do penhasco para eu sair dali… Como se fosse adiantar, comecei a nadar em direção a Praia do Norte…

Nisso uma série intermediária entrou e por sorte, não quebrou. Passou direto por mim, bateu nas pedras e voltou, como uma onda lateral que se juntou a onda de trás, bem em cima de mim, formando uma sonhada onda de OESTE…

Entendi na hora que se tratava da MÃO DE DEUS…  Sem pensar em nada deixei que ela me pegasse e me tirasse dali.

Claro que tomei um caldo bizarro, bem colado as pedras, mas quando eu subi desse caldão, percebi que se as ondas continuassem naquela direção eu conseguiria escapar da parte mais assustadora…

Tomei mais 3 ondas bem pesadas e fui jogado para o cantinho da praia quando o Garrett chegou com o jet, me resgatou e me deixou na areia…. UFA!!! O Rafael foi parar na areia também.


Na praia eu engasguei e vomitei água. Não conseguia andar, porque minha perna tremia muito e os paramédicos vieram ajudar…

Quando me recuperei fisicamente, me emocionei e chorei muito com o Samuel, meu amigo missionário do Brasil, que fez uma linda oração de agradecimento à Deus pela minha vida!!!


Aquela foi a experiência mais conturbada da minha vida, que me deixou muito abalado pelo medo que eu senti em frente das pedras. Mas foi também a experiência mais mística, quando senti uma proteção mágica e uma força divina, que se tornou o meu momento pessoal com DEUS!!! Naquela hora eu não tinha ideia de que esta experiência seria utilizada como um constante aprendizado e conhecimento de mim mesmo.

Refletindo agora, me sinto extremamente honrado em ter ajudado a salvar a vida do Antonio Silva, muito corajoso por querer seguir em frente e um fiel religioso por implorar a proteção divina.

Na areia de Nazaré agradecendo pela vida

Bom, chegará a hora de reencontrar a todos e comemorar as diversas bombas surfadas naquele dia histórico.

O capitão de Nazaré, Garrett Mcnamara, tinha ido além do padrão e surfou a maior onda do dia e DA HISTÓRIA DO SURF, sem qualquer sombra de dúvidas…

A imagem fala por si…

Garrett Mcnamara na maior onda surfada da história do surf

Este foi um dia em que todos os presentes passaram por momentos muito intensos, mas com certeza, Deus iluminou a todos.

Eric Rebiere dando show de pilotagem

agradecendo a parceria feita pelo chileno Rafael Tapia 11/12/2014

OBRIGADO NAZARÉ!!!

Garrett, koxa, Hugo Vau, Rafael Tapia, Andrew Cotton e Serginho

Obrigado Nossa Senhora de NAZARÉ

Go Back to my home!!! Go Brasil!!!

PARTE 3 – NAZARÉ 2015 

Depois de tudo o que me aconteceu na temporada de 2014, em Portugal, o meu ano de 2015 se resumiu nas lembranças daquelas cenas e sentimentos de medo, contribuindo para multiplicar meu respeito pelo Canhão de Nazaré…

Tive pesadelos constantes durante meses, que me fez cogitar sobre um fascínio patológico mau resolvido por aquela onda (rs).

Matéria que relata o perrengue de 2014, na Revista Hardcore

De fato, cada palavra do Garrett sobre a importância do trabalho em equipe fazia ainda mais sentido para mim. E eu sabia que somente o treino e o contato incessante com Nazaré faria com que eu me sentisse bem novamente.

Eu sentia a necessidade de melhorar a minha segurança e para isso eu precisava contar com uma equipe animal, que incluía meu parceiro Vitor Faria. Vitor e eu já  viajamos muito juntos e já surfarmos altas ondas pelo mundo a fora.  Ter um irmão ao lado, que sempre treinei e tenho ótima sintonia, seria crucial para eu voltar a me sentir confiante.

Enfim, chegava a hora da nossa equipe ser a NOSSA EQUIPE!!

Vitor Faria e Rodrigo Koxa em janeiro do ano 2000, no HAWAII

Eu sabia que podia contar com o Serginho, porque ele pilota muito qualquer coisa com motor… Ele foi vice campeão Português  de rally, como co-piloto, e sempre pilotou moto, quadriciclo, Pajero em drifty nas ruas de terra, jet em água doce, etc… Só lhe faltava mesmo a experiência com ondas grandes, mas conhecendo a garra, determinação e talento do meu amigo, eu tinha certeza que ele mandaria muito bem. E mais, ele estava realmente determinado e focado na arena de Nazaré!

Enquanto ele postava as fotos dos seus treinos de jet e com a equipe do Garrett em Portugal, eu acompanhava tudo e vibrava muito aqui do Brasil.

Clipagem do Instagram do Serginho treinando em Nazaré…

Eu acreditava que eu, o Vitor e o Serginho formaríamos uma equipe irada composta por um surfista, um piloto principal e um segundo piloto de resgate.

E desta forma, esperando para pegar o primeiro swell de 2015, eu e o Vitor embarcamos para Portugal em outubro, onde passamos quase 2 meses com o Serginho.

Vitor Faria, Rodrigo Koxa e Sergio Cosme – Nazaré 2015

Serginho novamente nos buscou no aeroporto e fomos direto para Nazaré, em busca de um apartamento para alugar.

Nosso QG foi montado na praia de Nazaré e contava com uma vista privilegiada para o Canhão, de onde podíamos ver as séries das ondas passando pelo primeiro pico e batendo nas pedras…

Visual da nossa casa alugada. Foto:Jose Pinto

Mais uma vez  eu sentia uma energia muito forte naquele lugar e acreditava que em breve minha confiança voltaria novamente, considerando que agora eu contava com a estrutura de minha equipe.

E ainda, às vésperas do swell, mais 3 amigos, Paulo, Nuno e Rita, integraram a nossa parceria, o que viabilizou toda logística devido à dois deles obterem seu próprio jet.

Mais 2 jetskis do Paulo e do Nuno agregaram a equipe

No dia do swell, eu e o Vitor iniciamos como dupla no nosso jet. O Serginho ficou na responsa do segundo resgate com o jet do Paulo, que era o melhor equipamento. O Paulo e o Nuno ficaram com o terceiro jet no outside, esperando a vez de cada um surfar e a Rita, posicionada estrategicamente em cima do desfiladeiro, nos instruía via rádio.

Sem duvida formamos uma grande família!!!

Nossa ESTRUTURA 2015

Com o mar grande e muito perfeito, o dia estava bem agradável para testarmos a efetividade da nossa equipe.

Comecei pilotando para o Vitor, que estava prestes a surfar pela primeira vez em Nazaré, e logo de cara ele pegou 3 bombas animais.  Como excelente surfista que sempre foi, surfou todas suas ondas com bastante segurança . Para mim, era alucinante ver a emoção do meu irmãozão surfando aquelas bombas.

Vitor Faria sendo puxado por Rodrigo Koxa em Nazaré 2015

A minha missão, enquanto pilotava para o Vitor, além de não permitir que ele tomasse na cabeça, era mostrar a importância de estar acompanhando o surfista, quando este saísse de cada onda. Eu precisava ter certeza que ele havia entendido o procedimento do resgate, porque eu ainda estava com muito receio e cheio de sequelas do fatídico dia 11/12/2014.

Vitor Faria dropando uma de suas bombas em Nazaré, sendo puxado por Rodrigo Koxa

Quando perguntei ao Vitor se ele me puxaria, claro que ele se disponibilizou na hora, mas confesso que quando fui para corda, me bateu um medo e eu fiquei aflito.

Minha sensação era esquisita, pois eu sabia que poderia surfar aquelas ondas, mas ficava pensando se haveriam falhas nos meus resgates… Eu perturbei tanto o Vitor que até pedi desculpas para ele depois. Expliquei que toda minha insegurança gerou-se ali, e que, com toda sua habilidade, ele me ajudaria a reverter isso.

Ele estava tão de boa na pilotagem que foi me passando tranquilidade.

Foi alucinante quando peguei a primeira onda. Eu fiquei AMARRADÃO, mas, ao sair dela, veio o suspense… Será que o Vitor estaria lá ????

E ele estava pronto para me resgatar… Logo atrás ainda estava o Serginho também… Ufa!!! Show EQUIPE!!!

Depois peguei mais ondas e agradeci a Deus por ter o Vitor e o Sérgio tão comprometidos.

Depois do meu surfe, fui amarradão puxar o Serginho, que nunca tinha surfado aquela onda, e o Vitinho passou para segundo resgate… Estava preocupado, mas o Serginho mostrou porque estava ali… A equipe estava entrosada!!

Go SERGINHO!!!

Serginho pegando uma bomba

Serginho vinha sólido nas ondas!!! Ele estava se superando a cada swell e era nossa alegria vê-lo descendo as bombas…

Vitor também puxou o Serginho e depois foi a vez do Nuno, o nosso integrante violinista que dropou as suas ondas com violino nas mãos…

Nuno Santos o VIOLINISTA DE NAZARÉ

O salva vidas Paulão adorou estar ali, observando a cena, não surfou aquele dia, mas prometeu que logo droparia…

Paulo Marques salva vidas integrante da equipe

O resultado final deste primeiro dia foi muito legal porque surfamos altas ondas e em nenhum momento foi necessário usar o segundo resgate, embora ele estivesse lá o tempo todo… Acabamos o dia na melhor energia e eu tive as certezas de que aquele lugar era mágico, que eu eu sou muito feliz fazendo o que amo e que melhor ainda é estar ao lado dos meus amigos…

Partiu PIZZA e comemorar a missão cumprida. OBRIGADO IRMANDADE!!!!

Nada mau para começar a temporada Nazaré 2015, sabendo que muita onda ainda estava por vir….


A Praia do Norte é um beach break que não fica devendo nada para Puerto Escondido. Quando o mar estava baixando eu pude conhecer a qualidade das ondas do inside daquela praia.

Era a hora de pegar os tubos…


Mesmo com as ondas baixando a brincadeira continuava. Era só mudar as pranchas e… Salve as marolinhas de Nazaré!!!

Rodrigo Koxa acompanhando a perfeição das ondas pequenas na Praia Do Norte


Entubando na Praia Do Norte – Foto: Helio Antonio

Eu estava cada vez mais fascinado com o lugar! Nunca vi um pico variar tão rápido de 60 para 6 pés, mantendo o power e a qualidade.

Apesar de muito intenso, se dependesse de mim, não teríamos descanso. Surf todo dia…

Mas como uma máquina de big swells, uma nova previsão apareceu no forecast. Nisso chegou nosso engenheiro eletrônico Lucas Castro, vulgo Whoozeman, que criou o projeto promissor de medição de ondas, BWTS. Trata-se de um equipamento instalado nas pranchas que, através de sensores, obtêm o tamanho das ondas.


Quando Lucas chegou, estávamos com uma prancha nova que havíamos encomendado com o Hugo SPO. Esta prancha SPO é famosa, devido a um sistema de suspensão desenvolvida pelo Shaper Hugo Cartaxana junto ao Garret McNamara, e há muito tempo eu queria uma desta para mim.

Neste swell teríamos a chance de testá-la e então foi aquela correria para adaptar o módulo corretamente para não sair.


Mas meus planos eram também remar com minha gunzeira 11’3 , novinha, que mandei fazer com o Shaper AKIWAS no Brasil. Não via a hora de surfar com ela o out side de Nazaré e depois surfar de tow in, com a prancha nova SPO para testar o módulo BWTS.

Rodrigo Koxa com sua 11’3 Akiwas / SilverSurf em Nazaré

Contudo, sendo coerente com os fatos, remar nesse pico não significa pegar sua gunzeira e ir surfar… Você precisa de uma estratégia de equipe igual para surfar de tow-in.

O planejamento de segurança é a arte de prever os problemas e esse era o respeito que entendiamos ser necessário nos dias grandes em Nazaré.

Neste caso fui para o out side com o Vitor Faria como uma dupla de tow-in. Ele fez toda minha segurança com o jet e me resgatou para poder voltar para o fundo. Inclusive eu estava sem lash para facilitar subir no sled durante os resgates… FOI ANIMAL!!!!!!




Tive que ser resgatado pelo Vitor 2 vezes e agradeci bastante a parceria. Valeu a aventura!!!!

Na sequência troquei a pilotagem com o Vitor e ele foi para corda estrear prancha nova de tow. O swell já estava com mais consistência e pegou duas bombas lindas..

Vitor Faria sendo puxado por Rodrigo Koxa. Foto – Lucas Whoozeman


Repost WSL -Vitor Faria sendo puxado por Rodrigo Koxa e Serginho no segundo resgate

No final do dia, ainda surfei algumas de tow-in. A prancha SPO era ANIMAL e o módulo do Lucas deu certo!!!

Rodrigo Koxa sendo puxado por Vitor Faria e Serginho no segundo resgate. Frame – Carlos Muriongo


Rodrigo Koxa sendo puxado por Vitor e Sergio no segundo resgate

Dia seguinte o mar estava maior. Foi o tempo de tomar um breve CAFÉ DA MANHÃ e partir! EQUIPE PRONTA, GO GO GO!!!!

Eu só sentia como era incrível poder contar com uma equipe e como isso muda tudo… Obrigado FAMÍLIA!!!


Corremos para água e eu comecei surfando. Estava pirado em como essa prancha nova era boa para surfar os bumps…

Rodrigo Koxa sendo puxado por Vitor Faria


Rodrigo Koxa entrando para o XXL 2016 sendo puxado por Vitor Faria e Serginho no segundo resgate.

 

Rodrigo Koxa sendo puxado por Vitor e Sergio no segundo resgate

Rodrigo Koxa numa fechadeira em Nazare

Depois puxei o Vitor e seguimos o protocolo… Vitor estava cada vez mais a vontade, tanto pilotando como surfando…

Vitor Faria numa bomba sendo puxado por Rodrigo Koxa e Serginho no segundo resgate


Vitor Faria numa bomba branca de espuma sendo puxado por Rodrigo Koxa e Serginho no segundo resgate


Serginho na BOMBA



Serginho e Nuno também pegaram suas bombas e eu resumo essa viagem como “fazendo as pazes com Nazaré”.

Tudo ocorreu da melhor maneira possível, conforme o planejado, mas eu ainda tinha sequelas de medo…

Senti medo de ser abandonado no fundo, durante todas as minhas quedas . Todas as vezes que sai por cima de uma onda grande, fiquei apreensivo pensando se o resgate estaria mesmo ali. Não relaxei nem mesmo quando meus parceiros me seguiam pontualmente. Apesar de parecer assustador, isso foi crucial para eu perceber o quanto eu precisava trabalhar os aspectos psicológicos do trauma vivido em 2014 também.

Antes de voltarmos para o Brasil, no início de dezembro, quebrou mais um swell e meu plano foi surfar na remada novamente. Nesta queda não rendeu nada para mim, a não ser uma lesão no ombro esquerdo. Fiquei com medo de tomar a série na cabeça e subi afoitamente no jet, tirando meu ombro do lugar. Foi meu limite!

Ok, fim de viagem e hora de agradecer todos os amigos que estavam convivendo conosco.

PARTIU BRASIL!!!!!!  Obrigado IRMANDADE!!!!!

Já no Brasil, foram 3 meses tratando o ombro com muita fisioterapia com o Marquinhos no Guarujá e com uma cirurgia espiritual no Nosso Lar NENL.

Contudo, a crise econômica não me permitiu renovar o patrocínio principal de bico e agora estou em busca de um novo patrocinador para continuar meu trabalho em busca das maiores ondas do mundo…

Acredito que esta minha história com Nazaré tenha me evoluído muito como ser humano e me feito dar mais valor a vida…

Entendo que hoje temos uma equipe preparada para ondas gigantes e esse simples fato faz minha alma sorrir…

PRECISAMOS MESMO É AGORA SURFAR UM SWELL GIGANTESCO COM ESSA NOSSA EQUIPE DE IRMANDADE!!!!!!

Logo começa a temporada Nazaré 2016 e YEAHH  We Will Be BACK!!!!

Os testes com os módulos BWTS foram positivos e obtivemos algumas medições do tamanho de nossas ondas surfadas…

Rodrigo Koxa que tem 1,72cm de altura passou a obter uma escala real de 1,46cm BWTS

No entanto, voltaremos com o projeto para temporada 2016, aguardando o próximo NAZARÉ HISTÓRICO…

Quem quiser conhecer mais sobre o BWTS é só acessar http://www.gruposawaya.com/bwts

Em breve mais informações e atualizações…

#KoxaBOMB #GoBIGGER